85 anos da morte de Fernando Pessoa e a vida dos heterónimos
Estranhar Pessoa
Passam hoje 85 anos desde a morte de Fernando Pessoa, a 30 de Novembro de 1935 no Hospital de São Luís dos Franceses, no Bairro Alto. No dia anterior, já no Hospital, escreveu as suas últimas palavras, em inglês, “I know not what tomorrow will bring”, que, como notou António Feijó, são uma adaptação de um verso de Horácio e podem ser por isso vistas como pertencendo a Ricardo Reis, cuja obra tem como referência as odes deste poeta romano.
A presença constante dos heterónimos na mente e obra do poeta revela-se aliás no modo deliberado e motivado como escolheu os seus nomes, hoje ainda bem vivos no nosso imaginário. O apelido “Reis” remete para um monárquico, crente na pluralidade do mundo e dos Deuses, “Campos” denota por oposição a vida citadina e industrial, “Caeiro” é um “Carneiro” sem carne, pensado como uma “partida a Sá-Carneiro”, é também uma variante de “caieiro”, que significa caiador, aquele que pinta tudo de branco e propicia um novo começo. E o que poderemos dizer de outras figuras, Soares, Teive, Mora, Thomas Crosse ou Maria José? Se tiver ideias a respeito do significado destes ou de outros nomes pessoanos faça-nos chegar a sua proposta.